quarta-feira, 8 de outubro de 2008

O MEDO DE ENVELHECER SOZINHO

E aí pessoal? espero que esteja tudo muito ótimo com todo mundo......acabou o show de bizarrices da política graças a deus, o ano está indo embora mega rápido, e pra melhorar só falta a temperatura cair um pouco (Já manifestei minha ojeriza por calor aqui não é?? rs), enfim, trago pra vocês mais um texto brilhante de Klecius Borges, falando sobre nosso terrível medo de envelhecer sozinhos.......você também sente isso??? então fique à vontade que a casa é sua !!

abraço forte

O medo de envelhecer sozinho

São muitos os medos que rondam nossa vida. Medo de ficar doente, de não conseguir a grana para pagar as contas no fim do mês, de ser assaltado, de perder o ser amado, de não ser suficientemente bom para cumprir todas as expectativas que foram depositadas em nós, por nossos pais e pela sociedade de forma geral. Além desses medos específicos, vivemos também sob o signo de uma ansiedade que reflete um medo mais difuso, um medo inerente ao fato de estarmos vivos e, portanto, sem nenhum (ou pouco) controle sobre todos os perigos que nos espreitam e nos ameaçam, de forma consciente ou inconsciente.

Para os gays há ainda outro fantasma que os assombra e os coloca sob um constante estado de ansiedade: o de envelhecer sozinho. Aprendemos que por não constituirmos uma família tradicional com direito a filhos e tudo o que isso significa socialmente, acabaremos sozinhos e solitários. Ao perdermos a juventude e os encantos associados a ela, perdemos também a possibilidade de nos vincularmos (ou nos mantermos vinculados) afetivamente a um outro e, como conseqüência, estaremos inexoravelmente condenados à solidão. É bom lembrar que esse medo nos é permanentemente atualizado pelo coletivo social (nossas mães aqui incluídas) ao nos imaginar sem nenhuma função social, fora da paternidade, que dê sentido a nossas vidas ou nos inclua criativamente na sociedade.

Esse medo, profundamente enraizado na nossa psique, individual e coletiva, baseia-se na verdade em uma noção muito redutiva da natureza humana (e da sexualidade), fortemente influenciada pela religião e pelas ciências modernas. Ela pressupõe a função procriação como a única força capaz de nos fazer avançar, desconsiderando o papel fundamental dos arranjos sociais no desenvolvimento social e cultural da humanidade (e da sexualidade como forma de expressão mais ampla).

Entretanto, em todas as sociedades conhecidas há sempre uma rede social complexa envolvendo, tanto procriadores, quanto cuidadores, que são aqueles indivíduos que, mesmo não sendo pais biológicos, dedicam suas vidas a cuidar dos filhos dos outros. Na nossa cultura, podemos vê-los nos papéis de professores e religiosos, na área médica (médicos, enfermeiros), na área social (assistentes sociais, advogados, etc.) e também na área de entretenimento. Essa mesma noção é também responsável pela idéia de que a homossexualidade é uma sexualidade imatura e, portanto com menor valor social.


Nosso medo é ainda fruto de uma fantasia, a de que os filhos são garantia de uma velhice amparada, e de uma visão equivocada, a de que somente a família de origem pode fornecer o suporte emocional que o individuo necessita ao envelhecer. Basta olharmos em volta sem o véu da ilusão para observarmos uma realidade muito diferente. Quantos pais não são abandonados por seus filhos na velhice e quantas famílias não se formam a partir de laços afetivos, sem necessariamente envolver o mesmo sangue?

Na verdade, não envelhecemos de uma hora para outra. Construímos nossa velhice conforme a imaginamos ao longo do caminho. Assim, gays que não conseguem se imaginar lá na frente rodeados de entes queridos, familiares ou não, com filhos, biológicos, adotivos ou do coração, e com atividades e interesses sociais criativos e estimulantes correm, sim, o risco de ficarem mesmo sozinhos. Mas isso vale também para os heterossexuais.

Nota do blog: Gente que visão terrível do futuro não??? Mas no fundo se formos pensar bem, é isso mesmo o que acontece, pensamos muito no hoje, no agora, o máximo de futuro que alguns de nós se permite ver, é o look para o show da Madona !! Minto?

E você, anda construindo muros ou pontes na sua vida?
Uma ótimo resto de semana a todos !!

3 comentários:

Serginho Tavares disse...

infelizmente quem so pensa no hoje terá um futuro triste mesmo mas quem vive a vida e se preocupa não so consigo mas com as pessoas ao redor e abstrai de todas essas futilidades nem precisa ter medo do futuro porque já está lá!

beijos

BinhoSampa disse...

isso realmente nos preocupa hoje em dia, mas a solidão independe de ter filhos ou não, também compartilho da idéia de que muitos filhos abandonam seus pais em asílios... temos plantar coisas boas entre os familiares e amigos...e assim podermos colher frutos desses relacionamentos...

O futuro a Deus pertence, façamos a nossa parte no presente.

Abs:-)

Alexandre Lucas disse...

A história nos mostra que nesta vida não existe NADA assegurado. Temos de fazer nosso melhor e viver o mais felizes possível. "A cada dia o seu problema"!