A associação de drogas à homocultura está principalmente relacionada às Club drugs, grupo heterogêneo de substâncias usadas principalmente por freqüentadores de clubes noturnos e festas eletrônicas com o propósito de facilitar a interação social ou freqüentemente usadas também para facilitar e intensificar experiências sexuais. Entre as principais substâncias usadas pelo público gay estão MDMA (Ecstasy), Gamahidroxibutirato (GHB), Ketamina (“K”) e a metaanfetamina (Crystal).
Para a neurologista Virna Teixeira ainda faltam estudos e pesquisas no Brasil para fazer um verdadeiro diagnóstico sobre a questão. Apresentando dados de pesquisas americanas e inglesas, Virna mostrou como na última década o uso de club drugs tem se tornado cada vez mais popular entre círculos sociais de homens gays e bissexuais, principalmente entre os mais jovens, motivos ligados à faixa etária e também à afirmação da sexualidade.
Um dos pincipais problemas para a neurologista é que homens gays e bissexuais são usuários de múltiplas club drugs, o que aumenta o risco de toxicidade pela soma de efeitos adversos e colaterais, além do fato que tais substâncias ilícitas são constantemente adulteradas. Pelo uso múltiplo, Virna Teixeira destacou ainda o resultado da maior alteração de nível de consciência, com exacerbação de comportamentos de risco tais como sexo sem proteção, aumentando o risco de transmissão do HIV e outras DSTs.
Murilo Battisti, pesquisador da Universidade Federal de São Paulo, fez uma pesquisa qualitativa com uma amostra de usuários de ectasy por cinco anos. Em sua pesquisa, relaciona o uso da substância à cena eletrônica. Os principais resultados foi que a droga tem por característica um uso transicional, ou seja, em apenas em uma fase da vida da pessoa, que de início tem uma vida social intensa interessada na experimentação, mas com o tempo com mudanças de prioridades e a consolidação dos papéis de adulto o uso fica de lado ou restrito.
Porém entre o número de pessoas entrevistadas, aquelas que se disseram homossexuais, tiverem um uso continuado. “É importante dizer que o conceito de ser jovem para o homossexual é muito mais elástico do que para um heterossexual. Aos 40 anos, o homem pode se sentir jovem ainda e continuar freqüentando a cena eletrônica. Um dos principais fatores de mudança que seria o casamento ou a criação de um filho não se aplica a esta parte dos entrevistados. Muitas vezes até quando há o casamento, um dos parceiros acaba influenciando o uso do outro também”, comenta Murilo. Entre os que continuaram o uso da substância, a pesquisa relatou o aumento do consumo de outras drogas de forte dependência química como cocaína.
Para o psicanalista Philip Leite Ribeiro, que coordenou a mesa, é necessário repensar as políticas adotadas para se conter o uso de tais substâncias. “Hoje em dia a redução de danos virou uma mera ‘redução de dose’. Não é isso que queremos. Falta informação específica para a comunidade. É necessário prevenir o seu uso e considerar os fatores que podem pré-dispor esta utilização”, explica. O psicanalista ainda salientou a importância dos programas de DST e Aids incluírem em suas cartilhas de informações a questão das club drugs também e não apenas o uso descartável de seringas no caso da heroína.
Para Philip, a desculpa da socialização é uma grande armadilha para este grupo de risco que são os homossexuais. A socialização neste caso se insere porque algumas destas substâncias promovem no indivíduo a sensação subjetiva de bem estar no grupo, de ser amado por todos e amar a todos, o que acaba o tornando-se uma grande armadilha, visto que após o uso vários sintomas depressivos são diagnosticados.
Entre as estratégias comentadas para a prevenção, os acadêmicos destacaram estratégias que contemplem a diversidade e promova o controle social. “Se a sociedade ou comunidade passa a ver com maus olhos o uso da substância, o usuário se sentirá em uma posição desconfortável, de vergonha e abandonará o uso ou nem irá iniciá-lo porque não seria mais cool”, comenta Ribeiro. “Vivemos em uma epidemia silenciosa e este é um problema de toda a sociedade e principalmente do estado porque também representa grande gasto para os cofres da saúde pública”, enfatiza Murilo.
Uma proposta da neurologista Virna Teixeira é a criação do primeiro ambulatório específico para atendimento de usuários de club drugs no país no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas - FMUSP. Uma medida que com certeza seria inovadora no Brasil que ainda não acordou para o grau de epidemia alastrada.
A Opinião deste Blog?? - Não sou Jesus Cristo nem Santo, mas prefiro curtir a balada sem aditivos, e acho que essa onda num tá com nada !! Imagine contrair uma doença qualquer por causa de uma droga idiota?? Um momento de lokura??
Acho sinceramente que não vale a pena!!
Abração a todos ótima semana !