quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Teoria Queer: você sabe o que é?

Achei bem legal esse texto que "tenta" falar sobre nossas origens e tal, mas dessa vez não quero opinar, deixarei por conta de vocês, ok?? é meio grandinho, mas vale a pena estar bem informado !!!

Mega abraço e ótimo final de semana !!

Teoria Queer: você sabe o que é?
por: Fernandinha Martins
Para uma determinada questão tornar-se objeto de investigação científica é preciso que ela incomode. Por isso, a Medicina, o Direito e a Engenharia constituem-se nas mais antigas áreas de conhecimento, uma vez que a saúde, a justiça e as construções interessaram aos seres humanos desde os primórdios.

Outras áreas, porém, foram surgindo aos poucos, acompanhando o desenvolvimento histórico de cada sociedade. Foi assim que, hoje, a Comunicação tornou-se um campo de pesquisas complexo, juntamente com a Informática, o Design e a Ecologia. Mas o que isso tem a ver com os gays? Com toda a visibilidade que passamos a ter nas últimas décadas, era de se esperar que houvesse alguma área do conhecimento capaz de abarcar os problemas da orientação sexual e da identidade de gênero. Essa área existe e é conhecida como Teoria Queer.

Um debate acadêmico?

De acordo com Jackie Sussan, a Teoria Queer é "o discurso acadêmico que substituiu em grande parte o que costumava ser chamado de estudos gays e lésbicos". O termo foi cunhado pela feminista Teresa de Laurentis para uma conferência de trabalho para teorizar as sexualidades gays e lésbicas que foi realizada na Universidade da Califórnia em Santa Cruz, em fevereiro de 1990.
Boa parte das discussões da Teoria Queer advém do pós-estruturalismo, sobretudo da obra de Michel Foucault, e dos Estudos Culturais. No entanto, ao problematizar a noção de gênero, cerne da Teoria Queer, o debate extrapolou os muros das universidades e caiu nos movimentos sociais. Nem sempre bem aceita, uma vez que coloca em xeque determinados conceitos chave que são instrumentalizados pela militância, como os de "identidade" e "gênero" e "sexo", a Teoria Queer incomoda – mas justamente por isso merece atenção. Ela retira qualquer sujeito de sua zona de conforto em relação à orientação sexual e identidade de gênero, evidenciando que qualquer definição – de homem, de mulher, de hétero, de gay, de bissexual, de trans... – são narrativas que alocam os sujeitos em nichos pré-construídos.

It's a queer world

Mas por que "queer"? Esta palavra, de origem inglesa, significa, ao pé da letra, "estranho" ou "incomum". Foi usada como gíria em meados do século XX para referir-se aos homossexuais, sobretudo os masculinos. Meio século depois, basta olhar os principais dicionários de língua inglesa, como o Oxford Dictionary of English, e ler que a palavra está diretamente associada ao universo LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais).

Como era de se esperar, uma conjunção de fatores levaram a essa nova significação do termo "queer". Há quem defenda – e isso não está de todo incorreto – que houve uma sobreposição das palavras "queer" com "queen" (rainha), o que designaria um homossexual afeminado que seria, simultaneamente, rainha e estranho. Outra explicação, com ar mais erudito, remonta ao Inglês Antigo, no qual a palavra "quare" significaria "desconhecido".

Outro fato curioso é que, entre 1951 e 1953, o autor norte-americano William Burroughs escreveu um romance chamado Queer. Continuação de seu trabalho anterior, Junkie, este livro tinha um conteúdo homoerótico bastante forte, e por isso chegou a ser considerado obsceno para a época. Apesar de ter sido bem recebido pelos intelectuais, com elogios explícitos do ícone beat Jack Kerouac, Queer só foi publicado oficialmente em 1985. O universo de Burroughs, em nada alinhado aos padrões da normalidade, reforçou o uso de "queer" para designar realidades desviantes.

A palavra "queer" desde então tem se tornado um sinônimo aproximado de qualquer sexualidade avessa ao heterocentrismo. Antes utilizada como forma de inferiorizar os desviantes da heteronormatividade, tornou-se um termo inclusivo, abarcando identidades díspares como homens gays, homens que fazem sexo com homens, lésbicas, bissexuais, transexuais, transgêneros em geral e até mesmo praticantes de fetiches como o SM, o bondage, entre outros. Para Jackie Sussan, esta lista é "potencialmente infinita de outros tipos de alguma forma marginalizados por sua sexualidade".

Segundo Guacira Lopes Louro, no texto Teoria Queer: uma política pós-identitária para a educação, o termo queer "com toda sua carga de estranheza e de deboche, é assumido por uma vertente dos movimentos homossexuais precisamente para caracterizar sua perspectiva de oposição e de contestação. Para esse grupo, queer significa colocar-se contra a normalização – venha ela de onde vier. Seu alvo mais imediato de oposição é, certamente, a heteronormatividade compulsória da sociedade; mas não escaparia de sua crítica a normalização e a estabilidade propostas pela política de identidade do movimento homossexual dominante. Queer representa claramente a diferença que não quer ser assimilada ou tolerada e, portanto, sua forma de ação é muito mais transgressiva e perturbadora".

Uma teoria pra chamar de sua

Michel Foucault é, talvez, a principal referência da chamada Teoria Queer. Desde o início, o pensamento de Foucault voltou-se para a linguagem e sua capacidade de colocar ordem no mundo. Mais ainda, para ele, as palavras são capazes de estabelecer relações de poder. Para Foucault, o poder não está localizado em instituições estanques como os Estados ou em pessoas específicas como os governantes. O poder, ao contrário, dissolve-se na teia social e nas relações – qualquer uma delas – que as pessoas estabelecem entre si. Por isso, é impossível pensar um sujeito sem poder. Também é impossível aceitar a idéia marxista do proletariado tomando o poder da burguesia – afinal, o poder está em todo o lugar. Nessa perspectiva, o poder é uma relação de forças que está em todas as partes, atravessando todas as pessoas. Para Foucault, o poder não somente reprime, mas também produz efeitos de verdade e saber, constituindo verdades, práticas e subjetividades. As palavras, no caso, servem para criar discursos que justificam a prática do poder e a dominação.

Ora, é justamente essa associação entre o poder e as palavras que será o centro da Teoria Queer. Isso porque essa postura revela que aquilo que imaginamos ser nossa essência mais profunda é, na verdade, uma construção. Nossa identidade gay, por exemplo, é uma formulação imaginária, capaz de confortar algumas subjetividades, mas problemática para outras tantas. Como é sabido, antes de 1869 sequer existia a palavra "homossexual". Como para que haja movimento social é preciso uma identidade coletiva compartilhada, explica-se porque a Teoria Queer não é bem aceita por certos grupos da militância LGBT. Se não há uma grande identidade coletiva capaz de abarcar a todos, como se pode pensar em reivindicações e políticas públicas para LGBT? A Teoria Queer não oferece resposta, mas aponta, isso sim, que há a necessidade de se fazerem políticas para o particular, para o ímpar, para o único e para o efêmero.

Cabe ressaltar que, além de Foucault, outros teóricos da chamada vertente pós-estruturalista são referência para a Teoria Queer. Freud, por exemplo, é evocado por ter sido o primeiro a descentrar o sujeito, mostrar que há fissuras no que chamamos de consciência e de "eu". Lacan, seu sucessor, foi mais além, identificando que o Real é inacessível pela experiência empírica, restando para o sujeitos apenas a possibilidade de navegarem nos mares do Simbólico e do Imaginário. Também são aceitas contribuições oriundas da Semiótica e demais ciências da linguagem.

Mas o que quer a Teoria Queer?

Judith Butler, uma das mais eminentes expoentes da Teoria Queer, destaca que essa área, ao mesmo tempo em que produz novas concepções a respeito de sexo, sexualidade e gênero, afirma que as sociedades constroem normas que regulam e materializam o sexo dos sujeitos e essas normas regulatórias precisam ser constantemente repetidas e reiteradas.

Dessa forma, é possível dizer que há um viés político na Teoria Queer ao abrir condições para um exercício livre da sexualidade. As normas regulatórias do sexo têm um caráter performativo – ou seja, determinam e moldam comportamentos. Ao lançar luz e legitimar práticas que ficam à margem da norma, ressalta a humanidade no que ela tem de mais bonito: sua diversidade, que, felizmente, nem sempre está à disposição da ideologia dominante ou das convenções sociais.

Fugir das normas, porém, nunca é fácil. Nesse sentido, Pedro Paulo Gomes Pereira, no texto A teoria queer e a reinvenção do corpo, analisa a obra A Reinvenção do Corpo: Sexualidade e Gênero na Experiência Transexual, de Berenice Bento, a partir da ótica da Teoria Queer. Pedro destaca que essa autora procura verificar "os conflitos, as brechas, os interstícios, as fissuras e as disjunções que possibilitam que os sujeitos subvertam as normas de gênero". No caso da experiência transexual, "Berenice procura, então, compreender as perfomances dos sujeitos que não se conformam em e com seus corpos e como nas práticas cotidianas procuram adequar corpo, sexualidade e gênero, reinventando-os".

Ao contrastar o discurso médico sobre o "transexualismo" e a experiência concreta dos sujeitos transexuais, revela-se que a mulher ou o homem transexual não é "uma cópia patologizada e mal acabada de heterossexuais completos e saudáveis". Assim, invalida-se a idéia de "disforia de gênero" como categoria psiquiátrica explicativa da transexualidade.

Contra e além dos binarismos

Há alguns consensos entre os defensores da Teoria Queer. O principal, como já foi dito, é pensar a sexualidade como uma construção histórica, e não como uma essência genérica do ser humano. Assim, a orientação sexual e a identidade de gênero não estão previstas na genética e nem podem ser considerados como uma condição compartilhada coletivamente. Existe, isso sim, uma sexualidade para cada indivíduo, ainda que seja possível encontrar pessoas com gostos e inclinações semelhantes. É essa semelhança que permite, por exemplo, agrupar os gays em "ursos", "barbies", "afeminados", "versáteis", etc. Porém, não se pode confundir a semelhança com uma essência. Trata-se, isso sim, de convenções sociais compartilhadas por determinados grupos de indivíduos, passíveis portanto de mudanças ao longo da vida. Como já é possível perceber, a Teoria Queer problematiza o conceito de gênero, sem contudo desclassificá-lo.

Nessa linha, é possível afirmar que a Teoria Queer vai além das teorias feministas em suas reivindicações. Se o feminismo contribuiu com a desvinculação de gênero e sexualidade, a Teoria Queer alega que são, justamente, os binarismos macho/fêmea, masculino/feminino, homem/mulher que precisam ser abolidos. Segundo Pedro: "os corpos-homem e corpos-mulher parecem perder as amarras biológicas e se reinventam continuamente, fazendo-nos questionar se são realmente adequados os termos homem-mulher, alocados em justaposição ao vocábulo corpo". A Teoria Queer lança-se, então, em um universo no qual anuncia a "irredutibilidade" e expressa "a incômoda e inassimilável diferença de corpos e almas que teimam em se fazer presentes".

Mais ainda, a Teoria Queer é um embate contra a heterossexualidade compulsória, mas assume posição contrária aos binarismos fáceis, incluindo, portanto, a divisão entre homossexuais e heterossexuais. Seu caráter transgressor afirma um novo tempo, no qual é preciso pensar outras formas de classificação.

Se olharmos o mundo ainda com os óculos do binarismo, podemos identificar, de um lado, os que consideram a homossexualidade um desvio e, de outro, os que defendem sua normalidade e naturalidade. Ambos, porém, partem do pressuposto que o "homossexual" é um tipo humano distinto. Sob a ótica da Teoria Queer, para Guacira, "o grande desafio não é apenas assumir que as posições de gênero e sexuais se multiplicaram e, então, que é impossível lidar com elas apoiados em esquemas binários; mas também admitir que as fronteiras vêm sendo constantemente atravessadas e – o que é ainda mais complicado – que o lugar social no qual alguns sujeitos vivem é exatamente a fronteira".

Desconstruir os binarismos, porém, não significa destruí-los, e sim evidenciar o quanto essas classificações, ainda que reinantes, são inadequadas para dar conta da diversidade humana.


......E vocês, o que acham???

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Galera, emprego novo, faculdade, correria total, atualizações só no findi !!!! Contudo, uma imagem pra todos começarem bem a semana e uma frase pra reflexão!!!!

abração


"Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós.
Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós."

("Antoine de Saint-Exupery")

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Sábado babadeiro em Goiânia !!!


Sábado dia 11/10, diversão, requinte e bom gosto são inprescindíveis e de total responsabilidade do querido Leandro Ribeiro, com sua festa "Just", que promete se tornar a nova label do Centro-oeste !! Sucesso pra vc Leandro, e pra quem for se jogar, se joga COM FORÇA !!

Leandro Ribeiro


E para refletir nesta quinta:
"Os políticos fazem na sua vida pública, o mesmo que fazem na privada."

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Back2back Dos Deuses

Na sexta dia 10 de Outubro o The Pub tem o imenso prazer de trazer pela primeira vez à Goiânia, o back2back mais famoso do país. 4 cdjs, 2 mixers, dois deuses das pistas e uma vibe única. Renato Cecin e Paulo Pacheco residentes da pista principal da The Week São Paulo, prometem uma noite única e imcomparável e mostram porque este foi considerado o melhor set da última parada paulista. Nossa dj residente Laurize recebe os dois numa cabine preparada especialmente para recebê-los.

Imperdível !!

Back2back Dos Deuses – Renato Cecin vs Paulo Pacheco

Data: 10 de Outubro – Sexta-feira
Local: The Pub – Goiânia/Go
Horário: 23:00H
$$$: R$ 20,00 c/ bônus de R$ 10,00 para os 100 primeiros ou até 23:45 (preços sujeitos a alteração)
Line-Up: Djs Renato Cecin e Paulo Pacheco (The Week/SP) e Laurize (residente)

Goiânia tá fraca ou não???

O MEDO DE ENVELHECER SOZINHO

E aí pessoal? espero que esteja tudo muito ótimo com todo mundo......acabou o show de bizarrices da política graças a deus, o ano está indo embora mega rápido, e pra melhorar só falta a temperatura cair um pouco (Já manifestei minha ojeriza por calor aqui não é?? rs), enfim, trago pra vocês mais um texto brilhante de Klecius Borges, falando sobre nosso terrível medo de envelhecer sozinhos.......você também sente isso??? então fique à vontade que a casa é sua !!

abraço forte

O medo de envelhecer sozinho

São muitos os medos que rondam nossa vida. Medo de ficar doente, de não conseguir a grana para pagar as contas no fim do mês, de ser assaltado, de perder o ser amado, de não ser suficientemente bom para cumprir todas as expectativas que foram depositadas em nós, por nossos pais e pela sociedade de forma geral. Além desses medos específicos, vivemos também sob o signo de uma ansiedade que reflete um medo mais difuso, um medo inerente ao fato de estarmos vivos e, portanto, sem nenhum (ou pouco) controle sobre todos os perigos que nos espreitam e nos ameaçam, de forma consciente ou inconsciente.

Para os gays há ainda outro fantasma que os assombra e os coloca sob um constante estado de ansiedade: o de envelhecer sozinho. Aprendemos que por não constituirmos uma família tradicional com direito a filhos e tudo o que isso significa socialmente, acabaremos sozinhos e solitários. Ao perdermos a juventude e os encantos associados a ela, perdemos também a possibilidade de nos vincularmos (ou nos mantermos vinculados) afetivamente a um outro e, como conseqüência, estaremos inexoravelmente condenados à solidão. É bom lembrar que esse medo nos é permanentemente atualizado pelo coletivo social (nossas mães aqui incluídas) ao nos imaginar sem nenhuma função social, fora da paternidade, que dê sentido a nossas vidas ou nos inclua criativamente na sociedade.

Esse medo, profundamente enraizado na nossa psique, individual e coletiva, baseia-se na verdade em uma noção muito redutiva da natureza humana (e da sexualidade), fortemente influenciada pela religião e pelas ciências modernas. Ela pressupõe a função procriação como a única força capaz de nos fazer avançar, desconsiderando o papel fundamental dos arranjos sociais no desenvolvimento social e cultural da humanidade (e da sexualidade como forma de expressão mais ampla).

Entretanto, em todas as sociedades conhecidas há sempre uma rede social complexa envolvendo, tanto procriadores, quanto cuidadores, que são aqueles indivíduos que, mesmo não sendo pais biológicos, dedicam suas vidas a cuidar dos filhos dos outros. Na nossa cultura, podemos vê-los nos papéis de professores e religiosos, na área médica (médicos, enfermeiros), na área social (assistentes sociais, advogados, etc.) e também na área de entretenimento. Essa mesma noção é também responsável pela idéia de que a homossexualidade é uma sexualidade imatura e, portanto com menor valor social.


Nosso medo é ainda fruto de uma fantasia, a de que os filhos são garantia de uma velhice amparada, e de uma visão equivocada, a de que somente a família de origem pode fornecer o suporte emocional que o individuo necessita ao envelhecer. Basta olharmos em volta sem o véu da ilusão para observarmos uma realidade muito diferente. Quantos pais não são abandonados por seus filhos na velhice e quantas famílias não se formam a partir de laços afetivos, sem necessariamente envolver o mesmo sangue?

Na verdade, não envelhecemos de uma hora para outra. Construímos nossa velhice conforme a imaginamos ao longo do caminho. Assim, gays que não conseguem se imaginar lá na frente rodeados de entes queridos, familiares ou não, com filhos, biológicos, adotivos ou do coração, e com atividades e interesses sociais criativos e estimulantes correm, sim, o risco de ficarem mesmo sozinhos. Mas isso vale também para os heterossexuais.

Nota do blog: Gente que visão terrível do futuro não??? Mas no fundo se formos pensar bem, é isso mesmo o que acontece, pensamos muito no hoje, no agora, o máximo de futuro que alguns de nós se permite ver, é o look para o show da Madona !! Minto?

E você, anda construindo muros ou pontes na sua vida?
Uma ótimo resto de semana a todos !!