segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Historinha para reflexão !!!

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Um senador está andando tranqüilamente, quando é atropelado e morre.

Slide 2 A alma dele chega ao Paraíso e dá de cara com São Pedro na entrada.


-"Bem-vindo ao Paraíso!"; diz São Pedro

-"Antes que você entre, há um probleminha. Raramente vemos parlamentares por aqui, sabe, então não sabemos bem o que fazer com você.

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-"Não vejo problema, é só me deixar entrar", diz o antigo senador.

-"Eu bem que gostaria, mas tenho ordens superiores. Vamos fazer o seguinte:
Você passa um dia no Paraíso e um dia no Inferno. Aí, pode escolher onde quer passar a eternidade.


"Não precisa, já resolvi. Quero ficar no Paraíso!", diz o Senador.

-"Desculpe, mas temos as nossas regras. "

Assim, São Pedro o acompanha até o elevador e ele desce, desce, desce até o Inferno.

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A porta se abre e ele se vê no meio de um lindo campo de golfe.

Ao fundo o clube onde estão todos os seus amigos e outros políticos com os quais havia trabalhado.

Todos muito felizes em traje social.

Ele é cumprimentado, abraçado e eles começam a falar sobre os bons tempos em que ficaram ricos às custas do povo.

Slide 7 Jogam uma partida descontraída e depois comem lagosta e caviar.

Quem também está presente é o diabo, um cara muito amigável que passa o tempo todo dançando e contando piadas.

Eles se divertem tanto que, antes que ele perceba, já é hora de ir embora.

Todos se despedem dele com abraços e acenam enquanto o elevador sobe.
Slide 8 Ele sobe, sobe, sobe e porta se abre outra vez. São Pedro está esperando por ele.

Agora é a vez de visitar o Paraíso.


Ele passa 24 horas junto a um grupo de almas contentes que andam de nuvem em nuvem, tocando harpas e cantando.

Tudo vai muito bem e, antes que ele perceba, o dia se acaba e São Pedro retorna.
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-" E aí ? Você passou um dia no Inferno e um dia no Paraíso.

Agora escolha a sua casa eterna." Ele pensa um minuto e responde:

-"Olha, eu nunca pensei .. O Paraíso é muito bom, mas eu acho que vou ficar melhor no Inferno."

Então São Pedro o leva de volta ao elevador e ele desce, desce, desce até o Inferno.


A porta abre e ele se vê no meio de um enorme terreno baldio cheio de lixo.

Ele vê todos os amigos com as roupas rasgadas e sujas catando o entulho e colocando em sacos pretos.

O diabo vai ao seu encontro e passa o braço pelo ombro do senador.
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-" Não estou entendendo", - gagueja o senador - "Ontem mesmo eu estive aqui e havia um campo de golfe, um clube, lagosta, caviar, e nós dançamos e nos divertimos o tempo todo. Agora só vejo esse fim de mundo cheio de lixo e meus amigos arrasados!!!"

O diabo olha pra ele, sorri ironicamente e diz:
Slide 13 -"Ontem estávamos em campanha.
Agora, já conseguimos o seu voto..."

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

O corpo gay

Poucas vezes nos damos conta de que todo o debate sobre diversidade sexual gira em torno do corpo. Afinal, tanto a idéia de "orientação sexual" quanto a de "identidade de gênero" tratam da relação que estabelecemos com nosso corpo ou com o corpo do outro. Assim, as questões de identidade, preconceito e direitos sexuais são questões do corpo.
Mas, se todos nós "temos" um, por que se criam tantos conflitos sobre o uso que cada pessoa faz do seu? O corpo tem sua história e pesquisá-la ajuda a compreender muitos dilemas e impasses contemporâneos.


O "corpo" é sempre o mesmo?

O corpo já foi alvo de proibições das religiões monoteístas (judaísmo, cristianismo, islamismo), instrumento para purificação em certas tradições orientais, objeto de reflexões de filósofos e outros pensadores desde a Antigüidade. Nas artes, a pintura egípcia estabelecia o "princípio da frontalidade", pelo qual as partes mais importantes do corpo seriam aquelas que deveriam aparecer em destaque. Por isso as figuras egípcias, para nossos olhos modernos e ocidentais, têm uma aparência estranha, com o tronco retratado de frente e a cabeça de perfil.

Porém, em nenhum outro momento ou cultura da história o corpo ganhou tanta centralidade como nos últimos dois séculos. Do surgimento da ciência moderna, que analisou até o nível microscópico a anatomia e a fisiologia humanas, ao desenvolvimento de tendências artísticas de vanguarda, o corpo foi submetido a olhares, questionamentos, escrutínios diversos. Tornou-se objeto de investigação, debate, novas leis.

No século XX foi modificada até mesmo o estatuto do corpo na vida cotidiana. Na moda, Coco Channel libertou a mulher dos espartilhos e iniciou uma exibição progressiva das pernas que irá culminar na criação da mini-saia por Mary Quant. No cinema, a imagem do corpo na tela grande fez com que ele fosse notado em detalhes.
Nas revistas femininas, o corpo foi domesticado de maneira diferente a cada década. Para as mulheres, com o surgimento da revista Cosmopolitan em 1968 nos Estados Unidos, foi divulgado como fonte de prazer. Sua versão brasileira, a revista Nova, trazia em seu primeiro número, em 1973, dicas para se conseguir um orgasmo múltiplo! Pense bem: se antes, nas revistas femininas, as mulheres eram assexuadas (o modelo era a dona de casa classe média), agora a mulher não só fazia sexo, mas tinha orgasmo. E múltiplos!
Também foi no século XX que Eugen Sandow criou o "fisiculturismo", técnica de hipertrofia muscular que iria se espalhar como ideal de beleza masculina nas academias de ginástica e parodiada, décadas mais tarde, nas artes plásticas por Richard Hamilton, no quadro Just what is it that makes today's home so different, so appealing?, de 1956, no qual um corpo musculoso, provavelmente desenvolvido em academias, ocupa o centro da tela, ao lado de outros objetos que denotam a prosperidade norte-americana, como eletrodomésticos e comida enlatada.
A entrada do corpo no espaço público está associada também, segundo o socióloog inglês Anthony Giddens, à expressão de uma "sexualidade descentralizada, liberta das necessidades de reprodução". Para o historiador francês Jean-Jacques Courtine, "ao longo dos primeiros vinte anos deste século [o texto é de 1995] as exibições das anatomias mais ou menos reveladas vão se tornar mais freqüentes. A exposição pública dos corpos adquire pouco a pouco uma respeitabilidade que até então lhe havia sido recusada. Sensibilidades transformadas no corpo, para seu espetáculo e seus usos, aparecem com a ascensão de novas classes médias. Estas já não se reconhecem nos valores morais de uma burguesia tradicional, cuja influência está em declínio. Elas aspiram menos à ordem do que ao sucesso. Fazem do enriquecimento material, e também do acesso rápido à satisfação dos desejos individuais, os critérios do êxito".
Nas artes cênicas também há câmbios profundos em relação ao corpo nas últimas décadas. Rudolf Laban sistematizou o que ele chama de "linguagem do movimento" e criou o teatro-dança ( Companhia Quasar?? Cirqui d'soleil ?). A eutonia de Gerda Alexander surgiu como técnica terapêutica de recuperação de movimentos, mas passou a ser utilizada por bailarinos e atores como instrumento de criação. Isadora Duncan e Loie Fuller, bailarinas que não tinham formação clássica, inventaram novas formas de dançar, abrindo caminho para outros inovadores como Michel Fokine, Nijinski, Mercê Cunningham e Maurice Béjart, todos eles desenvolvendo novas estratégias comunicativas para o corpo em cena.
Essas mudanças, aliadas ao advento de novas tecnologias e a expansão dos meios de comunicação de massa, por sua vez, influenciaram a codificação do corpo – movimento intensificado com a globalização, que exige códigos não-verbais para a internacionalização das mensagens. Configura-se, dessa forma, a era da imagem, com os corpos tendo de enquadrar, de alguma forma, em esquemas pré-concebidos.
Segundo Michel Foucault, o discurso sobre a sexualidade revela que não há liberdade, até mesmo porque há uma ciência dos corpos a ditar os padrões. O discurso médico, por sua vez, impõe um escrutínio do corpo e o discurso psiquiátrico aprisiona os que se enquadram na categoria da não-razão. Mais ainda, os corpos são também sujeitos a olhares. Na modernidade, há um processo de racionalização crescente, alicerçado no discurso da ciência; um processo de vigilância, onde os corpos são obrigados a se conduzirem em função do que é estabelecido como normal sob pena de exclusão para os desviantes.

A fabricação do corpo gay

Essa revolução "corporal" deve muito aos movimentos de emancipação homossexual. Ou, por outro lado, mas igualmente válido, é possível falar de uma ação concomitante que levou, de um lado, a um novo estatuto do corpo na modernidade e, de outro, à reivindicação de direitos sexuais pelos LGBT.
Para a historiadora francesa Anne-Marie Sohn, na virada do século XIX para o XX, o corpo homossexual tornou-se objeto médico. "É pelo final do século XIX que nasce na Alemanha e na Inglaterra, nos meios médicos e psiquiátricos, a primeira ciência sexual, com a publicação, em 1886, da Psychopathia sexualis de Richard Von Kraft-Ebing, os Estudos de psicologia sexual de Havelock Ellis e os trabalhos de Magnus Hirschfeld (que escreveu Os homossexuais de Berlim – O terceiro sexo). Fundamentadas em estudos de caso, ela tenta uma tipologia 'científica' dos comportamentos e das perversões, que já não toma como base o pecado, mas critérios de normalidade e de anormalidade. O sodomita, fustigado pela Bíblia, transforma-se desse modo em um "doente" ( ??? ).
Por isso, o "tratamento" da homossexulidade na primeira metade do século XX visava sua "cura" e, para tanto, desenvolveu-se uma série de protocolos médicos que tratavam de intervenções no corpo. Inicia-se uma era de gestão do corpo sexuado que inclui o tratamento hormonal e até intervenções cirúrgicas. A transexualidade, então tida como uma forma de homossexualidade, era um distúrbio extremo que desafiava a psiquiatria, a endocrinologia e a genética. Em 1921, o médico Félix Abrahan realiza a primeira operação de transgenitalização, transformando o paciente "Rodolfo" em "Dora" por meio de uma penectomia seguida da construção de uma pseudovagina.
Em meados do século, o relatório Kinsey já havia mostrado que a homossexualidade nada tinha de anormal. Segundo Sohn, "Ele (Kinsey) propõe uma visão radicalmente nova da homossexualidade, uma experiência corriqueira, segundo ele, porém mais ou menos intensa e classificada por uma escala que vai de 0 a 6. Sublinha assim que 37% dos homens tiveram pelo menos uma vez uma experiência homossexual; 4% não tendo tido senão relações sexuais só com uma pessoa do mesmo sexo. A maioria das pessoas navega, deste modo, entre heterossexualidade e homossexualidade, o que proíbe qualquer explicação pela patologia ou pelo desvio".
O fim da homossexualidade como doença, como é conhecido, só ocorre na década de 80. A transexualidade, por sua vez, ainda é uma "disforia de gênero", status que tem seus defensores até mesmo no movimento LGBT.


Os anos gloriosos
Da liberação dos anos 60 até o surgimento da aids, viveu-se um período de relativa liberdade sexual. Ainda que se possa identificar novas formas de dominação exercida sobre os corpos obrigados a serem libidinosos, é inegável que, pela primeira vez, o sexo era um tabu menor. Segundo Sohn, "nesse ínterim, o mundo viveu, entre a pílula e a aids, o direito ao prazer associado à liberdade. Esses trinta anos gloriosos da sexualidade, entretanto, são o fruto de um longo processo de liberação, esboçado desde o fim do século XIX, mas reivindicado somente nos anos 1960".
Trata-se, portanto, de uma era na qual foram estabelecidas novas formas de se lidar com o corpo, agora dissociado da reprodução. Ainda seguindo as reflexões de Sohn: "O século XX permitiu que a sexualidade não ficasse mais confinada no campo estritamente controlado do casamento. Essa mutação permaneceu na clandestinidade durante muito tempo. Por isso, na seqüência de 1968, alguns militantes homossexuais, simpatizantes da Frente Homossexual de Ação Revolucionária (na França), proclamam: 'Gozemos sem barreiras!', essa reivindicação parece uma ruptura, ao passo que consagra somente um estado de fato".
É assim que o filósofo gay Guy francês pode declarar, nos anos 1970, que "o buraco do meu cu é revolucionário", afirmação esta que coloca em xeque os padrões de masculinidade e, por meio do corpo, questiona séculos de dominação masculina e machismo heterocentrista. Afirma, ainda, que as reivindicações de "sexualidade para todos" convertia-se, sem volta, em reconhecimento de "todas as sexualidades". Inicia-se uma era de identidade gay calcada em códigos corporais que sequer a aids foi capaz de ofuscar.


Corporalidades gays contemporâneas

A visibilidade obtida pelos homossexuais nas últimas três décadas gerou novas formas de codificação do corpo e, infelizmente, de estigmatização e preconceito entre os próprios gays. Assim, o corpo malhado das barbies esconde muitas vezes o machismo interiorizado que desqualifica uma suposta fragilidade feminina. E também gera o desprezo por aqueles que não se adéquam a esse padrão.
Por outro lado, a investida ursina contra esses padrões pode revelar-se igualmente centrada na supervalorização da virilidade, ainda que contrária ao "macho de academia". Em ambos os casos, há uma evidente corpolatria, calcada na codificação de atributos corporais. A eles são atribuídos signficados e valores que interferem nas formas que o desejo se manifesta.
Essa codificação, porém, não é atributo somente das barbies e dos ursos. Está presente em muitas formas de manifestação da sexualidade, que precisa dos signos certos para poder se expressar. O psicanalista Jacques Lacan chamou de "significante da transferência" aos traços que fazem com que a pulsão sexual siga seu rumo. Pode ser a barriga de tanquinho ou o pêlo no peito, mas também a voz aguda do afeminados, a ausência de pêlos e marcas de expressão nos que preferem os mais jovens, os cabelos brancos de quem gosta de coroas. Ou até mesmo o porte de certos objetos de fetiche: a farda, a roupa de couro do SM ou a calcinha do cross-dresser.
Existe, porém, uma estética gay dominante, veiculada nas revistas e sites especializados. Voltando às reflexões de Sohn, "o corpo masculino sofre cada vez mais a influência das imagens sugeridas pelos gays. O homossexual viril, esportivo e musculoso, importado da Califórnia nos anos 1990, contaminou a moda e a publicidade. (...) Os gays também liberaram a componente feminina da masculinidade e a componente masculina da feminilidade, desestabilizando ao mesmo tempo as divisões clássicas de gêneros".
É um novo tempo, de mudanças ainda em transformação. Se prevalece a repressão ou se é uma onda libertária, talvez seja cedo para dizer. Mas na centralidade do corpo moderno, os gays já deixaram suas marcas.
Por Ferdinando Martins

Minha Observação: Viris, esportivos e musculosos? que herança boa que veio da Califórnia hein?? Não vejo mal nenhum em querer manter um corpo legal, até mesmo por que isso significa saúde, e mesmo que a pessoa esteja buscando se enquadrar num padrão, ela está inconscientemente buscando o bem para o corpo! É uma pena, que muitas vezes esse "bem ao corpo" não faça bem à alma, pois é muito triste ser precionado a algo, só para se enquadrar num grupo ou ser aceito ! Então, concordo que cada um deve ser feliz da sua forma, mas sem incriminar aqueles que adoram o belo e o saudável, até por que o belo o é aos olhos de quem vê ! E viva as diferenças !!

E deixo vocês com dois Sets tudo de bom, do meu amigo, Dj Leah, residente da Boate Disel Gyn !
abraço

INFINITA - Dj Leanh Special SET: http://www.zshare.net/audio/168888285ee495ae/


POP SET - AGOSTO 2008: http://www.zshare.net/audio/16932461fe411028/

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Festenha boooooaaaaaaaaa !! Jeff Valle em Gyn !







E gostaria de mandar um enorme abraço para o queridíssimo produtor dos eventos da Boate Disel, Leandro Ribeiro ! Valew sempre pelo carinho querido e parabéns pelo profissionalismo e pelo bom gosto do seu trabalho ! é uma pena vc não ser o dono da casa !! Mas abafa....abração !


E pra fechar com uma ótima Quinta, uma bela imagem de inspiração !
abração

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

A CADERNETA VERMELHA

Esse post de hoje, é uma homenagem ao dia dos pais, próximo domingo ! Para todos aqueles ainda têm seus pais junto a si, ou não, ou que consideram alguém como "pai", para aqueles que tem uma boa relação com seus pais ou não.....whatever....leiam...prefiro não comentar, ,,,eu chorei !!
abraço forte


A CADERNETA VERMELHA

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O carteiro entregou o telegrama. José Roberto não agradeceu e enquanto abria
o envelope, uma profunda ruga sulcou-lhe a testa. Uma expressão mais de
surpresa do que de dor tomou-lhe conta do rosto. Palavras breves e incisas:
- Seu pai faleceu. Enterro 18horas. Mamãe.

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Jose Roberto continuou parado, olhando para o vazio. Nenhuma lágrima lhe
veio aos olhos nenhum aperto no coração. Nada!


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Era como se houvesse morrido um estranho. Por que nada sentia pela morte do
velho? Com um turbilhão de pensamentos confundido-o,
avisou a esposa, tomou o ônibus e se foi, vencendo os silenciosos quilômetros
de estrada enquanto a cabeça girava a mil.

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No íntimo, não queria ir ao funeral e, se estava indo era apenas para que a
mãe não ficasse mais amargurada. Ela sabia que pai e filho não se davam bem.

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A coisa havia chegado ao final no dia em que, depois de mais uma chuva de acusações, José Roberto havia feito as malas e partido prometendo nunca mais botar os pés naquela casa.

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Um emprego razoável, casamento, telefonemas à mãe pelo Natal, Ano Novo ou
Páscoa... Ele havia se desligado da família, não pensava no pai e a última
coisa na vida que desejava na vida era ser parecido com
ele. O velório: poucas pessoas.

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A mãe está lá, pálida, gelada, chorosa. Quando reviu o filho, as lágrimas
correram silenciosas, foi um abraço de desesperado silêncio. Depois, ele viu o corpo sereno envolto por um lençol de rosas vermelho, como as que o pai gostava de cultivar.

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José Roberto não verteu uma única lágrima, o coração não pedia. Era como estar diante de um desconhecido um estranho, um...

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O funeral: o sabiá cantando, o sol se pondo. Ele ficou em casa com a mãe até
a noite, beijou-a e prometeu que voltaria trazendo netos e esposa para conhecê-la. Agora, ele poderia voltar à casa, porque aquele que não o amava,
não estava mais lá para dar-lhe conselhos ácidos nem para criticá-lo.

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Na hora da despedida a mãe colocou-lhe algo pequeno e retangular na mão
- Há mais tempo você poderia ter recebido isto - disse.

- Mas, infelizmente só depois que ele se foi eu encontrei entre os guardados mais importantes...

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Foi um gesto mecânico que, minutos depois de começar a viagem, meteu a mão
no bolso e sentiu o presente. O foco mortiço da luz do bagageiro, revelou
uma pequena caderneta de capa vermelha. Abriu-a curioso.

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Páginas amareladas. Na primeira, no alto, reconheceu a caligrafia firme do pai:
"Nasceu hoje o José Roberto. Quase quatro quilos!

O meu primeiro filho, um garotão! Estou orgulhoso de ser o pai daquele que será a minha
continuação na Terra!".

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À medida que folheava, devorando cada anotação, sentia um aperto na boca do estômago, mistura de dor e perplexidade, pois as imagens do passado ressurgiram firmes e atrevidas como se acabassem de acontecer!

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"Hoje, meu filho foi para escola. Está um homenzinho! Quando eu vi ele de uniforme, fiquei emocionado e desejei-lhe um futuro cheio de sabedoria. A vida dele será diferente da minha, que não pude estudar por ter sido
obrigado a ajudar meu pai. Mas para meu filho desejo o melhor. Não permitirei que a vida o castigue".

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Outra página - "Roberto me pediu uma bicicleta, meu salário não dá, mas ele
merece porque é estudioso e esforçado. Fiz um empréstimo que espero pagar
com horas extras".

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José Roberto mordeu os lábios. Lembrava-se da sua intolerância, das brigas feitas para ganhar a sonhada bicicleta. Se todos os amigos ricos tinham uma, por que ele também não poderia ter a sua?

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"É duro para um pai castigar um filho e bem sei que ele poderá me odiar por isso; entretanto, devo educá-lo para seu próprio bem."

"Foi assim que aprendi a ser um homem honrado e esse é
o único modo que sei
de ensiná-lo".

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José Roberto fechou os olhos e viu toda a cena quando por causa de uma bebedeira, tinha ido para a cadeia e naquela noite, se o pai não tivesse aparecido para impedi-lo de ir ao baile com os amigos...

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Lembrava-se apenas do automóvel retorcido e manchado de sangue que tinha batido contra uma árvore... Parecia ouvir sinos, o choro da cidade inteira enquanto quatro caixões seguiam lugubremente para o cemitério.

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As páginas se sucediam com ora curtas, ora longas anotações, cheias das respostas que revelam o quanto, em silêncio e amargura, o pai o havia amado. O "velho" escrevia de madrugada.

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Momento da solidão, num grito de silêncio, porque era desse jeito que ele era, ninguém o havia ensinado a chorar e a dividir suas dores, o mundo esperava que fosse durão para que não o julgassem nem fraco e nem covarde.

E, no entanto, agora José Roberto estava tendo a prova que, debaixo daquela fachada de fortaleza havia um coração tão terno e cheio de amor.
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A última página. Aquela do dia em que ele havia partido:

- "Deus, o que fiz de errado para meu filho me odiar tanto? Por que sou considerado culpado, se nada fiz, senão tentar transformá-lo em um homem de bem?"

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"Meu Deus, não permita que esta injustiça me atormente para sempre. Que um dia ele possa me compreender e perdoar por eu não ter sabido ser o pai que ele merecia ter."

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Depois não havia mais anotações e as folhas em branco davam a idéia de que o pai tinha morrido naquele momento, José Roberto fechou depressa a caderneta, o peito doía. O coração parecia haver crescido tanto, que lutava para escapar pela boca. Nem viu o ônibus entrar na rodoviária, levantou aflito e saiu quase correndo porque precisava de ar puro para respirar

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A aurora rompia no céu e mais um dia começava.

"Honre seu pai para que os dias de sua velhice sejam tranqüilos!" - certa vez ele tinha ouvido essa frase e jamais havia refletido sobre a profundidade que ela continha. Em sua egocêntrica cegueira de adolescente, jamais havia parado para pensar em verdades mais profundas.

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Para ele, os pais eram descartáveis e sem valor como as embalagens que são
atiradas ao lixo. Afinal, naqueles dias de pouca reflexão tudo era juventude, saúde, beleza, musica, cor, alegria, despreocupação, vaidade. Não era ele um semideus?

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Agora, porém, o tempo o havia envelhecido, fatigado e também tornado pai aquele falso herói. De repente. No jogo da vida, ele era o pai e seus atuais contestadores.

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Como não havia pensado nisso antes?
Certamente por não ter tempo, pois andava muito ocupado com os negócios, a luta pela sobrevivência, a sede de passar fins de semana longe da cidade grande, a vontade de mergulhar no silêncio sem precisar dialogar com os filhos.

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Ele jamais tivera a idéia de comprar uma cadernetinha de capa vermelha para anotar uma frase sobre seus herdeiros, jamais lhe havia passado pela cabeça escrever que tinha orgulho daqueles que continuam o seu nome.
Justamente ele, que se considerava o mais completo pai da Terra?

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Uma onda de vergonha quase o prostrou por terra numa derradeira lição de humildade. Quis gritar, erguer procurando agarrar o velho para sacudi-lo e abraçá-lo, encontrou apenas o vazio.

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Havia uma raquítica rosa vermelha num galho no jardim de uma casa, o sol acabava de nascer. Então, José Roberto acariciou as pétalas e lembrou-se da
mãozona do pai podando, adubando e cuidando com amor. Por que nunca tinha
percebido tudo aquilo antes?

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Uma lágrima brotou como o orvalho, e erguendo os olhos para o céu dourado, de repente, sorriu e desabafou-se numa confissão aliviadora:
-"Se Deus me mandasse escolher, eu juro que não queria ter tido
outro pai que não fosse
você velho! Obrigado por tanto amor, e me perdoe por
haver sido tão cego."

Muitas vezes, não é por que as pessoas não demostram o afeto que gostaríamos, que elas não nos amam com tudo o que têm....Cada pessoa ama à sua maneira !


sábado, 2 de agosto de 2008

Construir uma velhice gay ....

Bom pessoal, outro dia me deparei com uma situação de extremo preconceito, de um cara jovem gay para com um coroa igualmente gay, e não menos charmoso por isso ! Achei ridículo o comentário do rapaz, entre-dentes para o amiguinho : "Olha a maricona velha, jura que tá podendo!" .....Para o rapaz, só posso lamentar, pois ele também será velho um dia, mas com esse tipo de pensamento, será uma velho ridículo que não ira jamais aceitar sua idade e muito menos sua sexualidade nessa idade ! é o típico pensamento da bichinha novinha que jura que vai ser gay só até uma certa idade ( como se isso fosse possível né? ) e depois vai ter uma velhice normal, dentro da normalidade dele lógico ! Uma pena !Mas e você? tem preconceito contra pessoas mais velhas? Já achou ridículo algum cara idoso na balada??
Devemos repensar nossos conceitos já, pois amanhã seremos nos os ridicularizados, se não fizermos nada hoje e agora !! abraço

Colocados à margem da sociedade e exilados das formas de família consagradas, nós homossexuais temos uma tarefa a mais: descobrir como ser (e sobreviver) homossexualmente na terceira idade. Talvez possa soar estranho que eu esteja seccionando a velhice, ao enfatizar seu aspecto homossexual. Goste-se ou não, é importante lembrar que homossexuais têm inserções sociais muito diversas de heterossexuais. Se isso pode soar estranho é porque existe pouca consciência a respeito – o que não é de surpreender, pois a realidade sócio-cultural de homossexuais tantas vezes ainda está por ser descoberta ou em construção. Mesmo para homossexuais jovens, esse tema é importante. Quem não quer morrer cedo irá ficar velho, irremediavelmente. Dentro da comunidade, isso impõe uma tomada de consciência imediata, para que as futuras gerações de homossexuais, ao envelhecer, não tenham que começar do zero, como as precedentes.
Um dos estereótipos a serem desmontados é de que homossexuais velhos perdem o interesse sexual ou ficam broxas – fantasia que horroriza os gays, enquanto futuro inevitável que os espera. Pensem no estereótipo idiota de que todo homossexual deve desmunhecar. Algo semelhante acontece no caso dos coroas. Um amigo gay me contou que nunca tivera interesse especial por homens da terceira idade. Até que um dia transou com um, numa sauna. Na saída, ele deu carona ao coroa, que parecia ter uns 60 anos, mas com um vigor sexual de alguém muito mais jovem. Para sua surpresa, o homem contou que tinha 75 anos. Longe de mim generalizar essa experiência. Mas ela evidencia como estereótipos são mistificadores da realidade, que se apresenta muito mais imprevisível. É claro que, no macho humano, a potência sexual diminui com a idade. Com 40 anos você não terá a mesma fissura hormonal de um adolescente. Mas certamente um rapaz de 20 anos conhecerá menos alternativas amorosas do que um quarentão vivido. Em cada idade, haverá sempre vantagens e desvantagens. Mesmo porque a potência sexual não é o único motor no quadro libidinal humano. Não se trata, também, de homossexuais da terceira idade se engajarem no projeto de “juventude eterna” que grassa na comunidade homossexual.
Conheço homens que tentam disfarçar de modo obsessivo os sinais da velhice, até o ponto de ficarem psicologicamente infantilizados. O enfoque é outro: inventar uma maneira de envelhecer com qualidade, aproveitando peculiaridades da experiência homossexual e, a partir daí, ir construindo uma terceira idade sem vergonha de assumir sua experiência de vida. As futuras gerações de homossexuais agradecerão os modelos que porventura inaugurarmos.

Quando apareceu um filme como Brokeback Mountain, muitos de nós homossexuais que fomos vê-lo parecíamos rever um território bem conhecido. Muitos já havíamos sonhado com dois vaqueiros apaixonados ou tínhamos certeza de que isso era possível, a partir de nossas próprias experiências. Cada qual tem as suas, muitas vezes clandestinas e impossíveis de serem contadas. E, quando contamos, somos olhados com incredulidade. O mundinho hétero não acredita que a gente transou com jogador de futebol; ou com toureiro; ou com professor famoso da universidade; ou com treinador de academia (que só gostava de dar); ou com PM da cavalaria; ou com marinheiro; ou com investigador da polícia; ou com ator de telenovela. Desculpem a inconfidência, mas mencionei esses fatos porque conheço quase todos por experiência pessoal de cama. Haverá muitos outros casos “imprevisíveis”, para evidenciar que o desejo homossexual não privilegia nem profissão nem características sociais. Assim também ocorre em relação à velhice homossexual. Quantos gays coroas não são avôs? Ou bispos? Ou juízes? Ou militares? Encerrados no armário, é claro. Com certeza o mundo seria diferente se fosse amplamente conhecido o que nós homossexuais já vivemos em matéria de amor nas nossas camas.

Não há nenhuma obrigação de continuar trepando, ao longo da vida, em número recorde, nem de fazer campeonato de orgasmo. Mas também não existe nenhum decreto obrigando coroas a abandonarem suas funções desejantes. Aliás, se isso acontecesse, o que seria dos rapazes que curtem coroas? Esse é o outro lado da questão. Na condição de coroa, conheço cada vez mais rapazes que curtem homens velhos. Existem também muitos coroas que só gostam de transar com outros coroas. Socialmente, não se concebe que idosos tenham uma vida sexual e, menos ainda, entre si. Também não se imagina que rapazes amem senhores. Mas isso existe, na contramão de todas as expectativas. Ao me olhar no espelho, eu próprio me pergunto: quais são os elementos de sedução exercidos por um coroa homossexual como eu? Gosto de fazer a mesma pergunta aos rapazes que curtem coroas. Eles não conhecem muito claramente o terreno do seu desejo e tateiam na sua compreensão. Ainda procuram articular um desejo que, apesar de autêntico, lhes é socialmente novo. Mesmo os ursos já conseguem se articular em torno dos seus referenciais desejantes. Mas isso ainda não acontece no terreno do amor intergeracional, que é clandestino e praticamente vedado. Nesse sentido, o sofrimento desses rapazes também é inédito no contexto da comunidade homossexual que cultua a juventude eterna. Eles convivem precocemente com a velhice e, muitas vezes, experimentam dores solitárias inerentes a tal situação.

Conheci rapazes cujo amante coroa e casado morreu de repente. Eles não puderam sequer comparecer ao enterro, quanto mais receber consolo da família, que nada sabia do caso clandestino. Um deles tinha 14 anos quando seu amante de 51 anos morreu do coração. Estranho? Pois foi o ex-garoto, quando já era trintão, quem me contou essa história, garantindo ter sido ele quem primeiro seduziu o coroa casado.

A resposta desejante dos rapazes que curtem coroas ocorre em outra dimensão, quase inacessível para um mundo articulado sobre o binômio beleza/juventude. Ainda que eles próprios tenham dificuldade em explicar os caminhos do seu desejo, esses rapazes nos mostram que a perda da juventude não é sinônimo de perda da beleza. Seu desejo se articula num outro patamar, no qual pouco significa o padrão de beleza que nos vendem 24 horas por dia. Ainda não consegui desvendar sua química desejante, que é absolutamente diversa. Mas tenho certeza que ela me ensinou algo novo e me ajudou a escapar da lógica (ou armadilha) em que a manipulação cultural aprisionou nosso olhar, nosso gosto, nosso prazer. Nesse sentido, a própria G Magazine fica a dever às várias parcelas de leitores cujo desejo não se enquadra no estereótipo da beleza jovem e sarada que a revista privilegia. Seria desejável que se publicassem ensaios fotográficos em seções menores, com outros tipos de homens, fora do padrão musculatura/juventude. Conheço muitos ursos e curtidores de coroas que não têm nenhum interesse em comprar a G. Para eles, “músculo só é bom na sopa” - como dizia um ex-namorado meu.


Chegar à velhice homossexual não significa encerrar o ciclo do amor nem do erotismo. O desejo não fecha para balanço. Apenas muda de qualidade e parâmetros. Descobri isso com base em experiências da minha própria vida.

Por João Silvério Trevisan